O segundo capitulo de meu livro, em primeira mão para vocês! O post duplo era para ter acontecido semana passada, mas sabe como é né...
2. Resgate
Não havia passado ainda uma hora
quando todos os chamados para o primeiro conselho já estavam sentados em suas
posições no deck de comando.
- Já que estamos todos aqui,
começaremos antes do horário, se todos concordarem. – Mia dá início a reunião.
Todos na sala se manifestam a
favor do início do conselho.
- Gamma, pode começar a
transmitir para o salão de eventos. Acho que o melhor é todos estarem a par da
situação imediatamente.
Toda a tripulação é avisada por
Gamma a se dirigir ao deck de recreação e eventos para acompanhar o conselho em
um telão enorme fixado na parede.
- Em primeiro lugar, oficialmente
passo o comando da missão para o major Modise. Agora sou apenas oficial de
bordo do módulo colonial Gamma.
Uma salva de palmas ecoa pelo
módulo.
- Não vai ser fácil relatar o que
aconteceu...
Mia solta um suspiro.
...Vai ser duro, mas não vou
fazer rodeios. Houve uma catástrofe na nossa chegada em 61 Cygus A. A Sanctuary
foi atingida por vários destroços de um cometa fragmentado, e foi totalmente
destruída, junto com a IA Adam.
Nesse instante, a tristeza toma
conta de toda a tripulação. Alguns ficam muito consternados, outros conversam
sobre como isso pode ter acontecido, outros sobre o que irá acontecer agora. Nem
os oficiais da sala se contem.
- Pessoal, pessoal. Vamos colocar
a emoção de lado e optar pela razão.
Modise espera por um tempo para
as pessoas se recomporem.
- Somos trinta bilhões de
humanos, vinte bilhões de aurianos. Temos colônias em diversos sistemas
estelares. Mas estamos no limite. Logo não haverá lugar e comida para todos.
Devo lembrar que é por isso que estamos aqui. Essa missão de colonização está
sendo planejada a décadas. Passamos pelo pior. Mas não podemos desistir encima
da linha de chegada. Seria injusto com todos que dependem de nós. Mia, quantas
fatalidades, e os outros módulos de colonização, qual a situação? A curto e
longo prazo, no que a destruição da Sanctuary nos afeta?
- A curto prazo, perdemos a
carona para sair desse sistema estelar. Se algo der errado, a próxima nave de
colonização só chegara aqui em cinco anos. Se tudo ocorresse como o previsto,
todos os módulos de colonização estariam nessa ilha, fato que não ocorreu.
Mia para novamente para observar
as reações.
- A situação não está boa. Mia e
quanto aos outros módulos de colonização?
- Bem, dois módulos não
conseguiram desacoplar da Sanctuary antes da explosão nuclear. Módulos
destruídos, todos habitantes mortos. Seis módulos saíram da rota pré-estabelecida
por causa da explosão, irão vagar pelo espaço até algum resgate, ou caíram
direto para o 61 Cyg II. Contarão como desaparecidos nos registros.
Alguém levanta a voz no salão de
eventos:
- Besteira, estão mortos, não tem
como resgata-los.
Mia continua com a atualização
após a interrupção.
- Doze módulos coloniais estão
aqui em nossa exolua. Nove estão distantes, desviados de sua rota até o campo
zero. Estão por si só. Três estão espalhados em um raio de duzentos quilômetros
de nossa posição. Dois no interior da ilha. O terceiro está a dez quilômetros da
costa, e a doze quilômetros daqui.
- Mia, amanhã sem falta quero
fotos da região de pouso desse módulo que está no mar. A tempestade já vai ter
passado. Existe algum motivo para nós não ter mais informações amanhã?
- Major, isso não será problema.
O satélite está em orbita geoestacionária acima de nós. Antes do meio dia
teremos todos os dados do modulo disponíveis.
- Nome modulo? – Red se levanta
ao perguntar.
-É o modulo Kappa, Red.
- Pois bem, convoco para a missão
de resgate o grupo de ataque alpha. Diaz, Nadjeska e Butch, sob o comando do sargento
Diaz. O anfíbio 01 está pronto para uso Red?
O engenheiro mecânico responde
positivamente.
Vocês terão o auxílio de dois
drones aquáticos. IA de combates serão irrelevantes no ambiente em qual vocês
estarão. Alguma pergunta?
- Estaremos prontos horas antes
do previsto. – Diaz fala.
-Mia, qual é a tripulação do
módulo Kappa?
- Dezesseis no registro, seis
aurianos e dez humanos. Vinte IA de combate, cinco drones aquáticos e mais
cinco aéreos.
- Vamos focar nessa missão de
resgate primeiro. Eles precisam de nossa ajuda. Depois pensamos no resto.
- E se a tempestade não passar
Major? – Diaz Pergunta.
- Os dados meteorológicos não
mentem Diaz. Amanhã teremos tempo bom.
Ao termino do conselho, já havia
escurecido. A chuva já tinha parado, mas o céu nublado era uma frustração
enorme para a tripulação que esperava ansiosamente para ver onde ficava o Sol
naquele céu. Isso teria de esperar. Com a gravidade da situação, muita coisa
que entraria em pauta no conselho acabou sendo adiada. Cerca de cinco horas
após o conselho, quase todas as luzes do módulo são desligadas, exceto as da
sala de comando e as de busca e sinalização. Era um breu total aquele local, o
modulo poderia ser visto a quilômetros de distância por ser a única fonte de
luz por perto, já que as duas estrelas do sistema estelar já haviam se posto
abaixo do horizonte. As IA de combate estavam posicionadas nos canhões
estripadores localizadas em diversos locais da Gamma.
O local estava seguro. A noite
correu sem nenhum incidente relevante.
Todos já estavam acordados para o
primeiro espetáculo das estrelas nascendo ao horizonte. Por um breve período,
esqueceram de tudo para apreciar a vista. Do ponto que o planeta 61 Cyg II
estava, as duas estrelas estavam muito próximas no céu. A primeira a nascer foi
a 61 Cyg A, brilhante, de cor levemente laranjada. Dez minutos depois, no
horizonte já despontava a 61 Cyg B, menos brilhante que a sua estrela irmã, mas
ainda muito brilhante no céu. O céu tinha um tom levemente avermelhado, com
poucas nuvens brancas. O tempo realmente estava bom, como Modise previu.
A exolua estava
gravitacionalmente travada em relação a 61 Cyg II. Apenas uma pequena parte do
planeta aparecia no céu, bem perto do horizonte oeste. Diaz foi o primeiro a
notar mais esse espetáculo.
As dez da manhã, Mia chama Modise
e sua equipe para mais detalhes.
- Aqui esta as fotos enviadas
pelo satélite. – Ela fala puxando as imagens na tela que servia de mesa de
comando.
- Notem que o contorno do modulo
Kappa fica mais desfocado nessa posição...
- Ele está inclinado, por isso
essa parte está muito desfocada. – Fala Modise.
- Exato. O módulo está mandando
sinal de SOS. Procedimento padrão. E percebam como o deck de observação está
bem nítido. Ele deve estar no máximo a três metros embaixo da agua.
- Ansiedade. Devemos agir logo.
Red, geralmente calmo, não
consegue esconder a agitação.
- Concordo, se estão prontos. Diaz,
faça o necessário para trazer o maior número de sobreviventes. Boa sorte!
Assim que recebe o sinal verde, Diaz
já pede para Gamma avisar os membros da missão de resgate para iniciar o
embarque no anfíbio 01. As ordens são recebidas com empolgação.
Pela primeira vez, um veículo sai
do modulo colonial para ganhar as planícies. Não demora mais que alguns minutos
para chegar a bela praia e ganhar o mar.
As duas estrelas brilham firme no
zênite.
- Sinal mais forte. Vou liberar
os drones aquáticos. – Diaz fala para sua equipe depois de cinco quilômetros
navegados.
- E o sinal da Gamma?- Pergunta Nadjeska.
- Forte.
Mais alguns minutos e eles param
exatamente no local onde o modulo Kappa está naufragado. Os drones aquáticos
com seus sensores fornecem um mapa completo da estrutura do modulo. Está
seriamente avariada, o modulo não teve um pouso suave.
- O Kappa não pousou Major, ele
caiu aqui. A estrutura está seriamente avariada.
- Nadja, Butch e Talos. Vocês
descem. Vejo movimentação, formas de vida desconhecidas, cuidado. Usem a
escotilha A1, é a mais perto.
- Pode deixar Diaz. – Butch
responde.
Os dois caem na agua, e com a
ajuda da roupa aquática equipada, e com o auxílio do motor leve de empuxo,
conseguem rapidamente chegar na escotilha. Eles abrem e, sem surpresa nenhuma,
encontram o deck de dados totalmente alagado. Não há nenhum sinal de energia
por lá.
- Diaz, irei para o deck de
comando com Nadja. Acredito que por ser mais alto, talvez não esteja inundado.
O trio segue pelos corredores
alagados do modulo, até encontrarem o duto do elevador principal, que os leva
diretamente ao deck de comando.
- Kappa está desligada, o
procedimento padrão da IA é canalizar toda energia para os módulos de
hibernação. Significa que tem alguém vivo ainda por aqui. – Butch fala pelo
transmissor, escutando um sinal de alivio em retorno.
- Kappa, acorde! Precisamos de
sua ajuda!
Os sensores da IA Kappa alerta
sobre os invasores. Imediatamente a IA reconhece os visitantes.
- Soldado Eugene, soldado
Nadjeska, soldado Talos. Prazer em vê-los.
- Obrigado Kappa, estamos felizes
por conversar com você. Pode me passar uma atualização sobre o modulo?
- Com prazer soldado. Avariado
além de reparo, 70% dos setores inundados. IA de combates perdidos, drones
aéreo perdidos. Seis fatalidades. Desliguei o reator nuclear por precaução, mas
as últimas analises indicavam cem por cento funcional.
- Escutaram rapazes? Temos dez
vidas aqui. Iremos acorda-los para levar eles para a Gamma.
A tripulação da Gamma, atenta a
todos os detalhes da missão, bate uma salva de palmas.
- Senhor, e quanto aos mortos?
- Eugene, mantenha os corpos onde
estão, a Kappa será o tumulo deles. – Modise fala.
- Kappa, você consegue restaurar
energia nos pontos não alagados?
- Claro soldado! Como desejar.
- Nativos entraram por fendas
estruturais. Muito cuidado! – Diaz observa em sua tela vários sinais
infravermelhos entrando por algumas fendas estruturais do módulo.
- Tomaremos cuidado, obrigado Sargento.
Nadja, eu vou descer até o hangar pegar as armaduras aquáticas para o pessoal.
Vá para a sala de hibernação, e, Kappa acorde os sobreviventes agora. Talos
você vem comigo.
Os dois pulam dentro do poço do
elevador, uma queda de oito metros e estão na agua novamente.
- Talos, use o sabre se precisar.
A arma só se for extremamente necessário. Esse módulo já está avariado que
chega, ninguém sabe o que pode acontecer se disparar projeteis aqui dentro, não
quero arriscar. – Diaz fala pelo transmissor.
Assim que os dois entram no
corredor de acesso do hangar, algumas criaturas nadam velozmente, sentindo a
presa por perto. Ambos sacam os sabres, mas Butch recebe uma pancada violenta.
Um pouco tonto e dolorido, mas ele consegue se defender abrindo o corpo de seu
atacante, que tem morte instantânea. Mas em seguida mais três vem na direção deles.
Talos consegue entrar no hangar. Butch não tem a mesma sorte.
Uma das criaturas usa o corpo para
se enrolar no braço de butch. O aperto violento causa uma fratura exposta no
braço. Butch instintivamente saca o rifle de pulso, e quando atira, o efeito
devastador da arma mata todos os atacantes no corredor.
Talos, encurralado, tem mais
sorte. Assim que kappa consegue isolar Talos, ela aciona os módulos de defesa
do hangar, estraçalhando as criaturas que estão no setor.
- BUUUUTCH...
Talos retorna para o corredor e vê
Butch apoiado na parede. Com a armadura aquática aberta, ele está sem respirar
por uns dois minutos. Imediatamente, o auriano retira o capacete de Butch, e
coloca o auxiliar oxigenador em sua boca, saindo imediatamente do corredor para
chegar no deck de comando.
- Kappa, modulo de enfermaria
seco?
- Não está Talos, sinto muito.
- Se a gente não fizer nada, Butch
irá perder o braço.
- Talos, levante o braço dele, e
pressione muito para evitar mais perda de sangue. Leve ele para o deck de
observação. Quando todos estiverem lá, nós abriremos um buraco na estrutura.
Irá inundar de vez o Kappa, mas não temos escolha.- Modise, a par da situação
dá as ordens.
-Nadja, como estão?
- Metade do deck de hibernação
está inundado major, os que estavam nas câmaras de hipersono na parte baixa do
deck morreram afogados enquanto dormiam, quanto ao resto, eles estão acordados,
mas tentando saber o que está acontecendo.
- Preciso que você vá pegar as
armaduras aquáticas. Imediatamente.
- Sim major.- Nadja responde já andando
em direção a saída, que está localizada na parte alagada do deck.
Nadja mergulha em direção aos
setores alagados.
Há uma quantidade de sangue
considerável, no corredor de acesso. Alguns cadáveres de nativos estão
flutuando na agua. Ela afasta um que
está em seu caminho, e entra no hangar.
- Eu só consigo carregar uns seis
trajes aquáticos major.
Ela não termina a frase quando os
módulos de defesa atiram contra outro invasor. Os nativos continuam entrando
pelas fendas na estrutura do modulo.
- Ótimo, volte logo. Captando
mais nativos indo para Kappa. – Modise fala.
Nadja volta o mais rápido
possível para o deck de comando, dessa vez sem nada para atrapalhar.
- Temos um homem ferido, terá
prioridade para a armadura aquática. Temos seis armaduras humanas e duas
aurianas. Algum voluntario para subir sem armadura? A superfície está a três
metros acima do deck de observação.
Todos escutam a voz de Diaz, embora
alguns não estejam em seu estado mental totalmente sadio.
Quatro homens se voluntariam a
subir sem armadura, e acabam decidindo entre si quem fica sem armadura. Do lado
auriano, dois voluntários são rapidamente encontrados.
- Estou descendo, fiquem longe
das janelas. Elas explodirão, e a agua irá tomar conta do ambiente rapidamente.
Nadja, Talos, tenham certeza que a porta de acesso do deck esteja lacrada em
poucos minutos. Espero que a gente não precise voltar aqui, mas se precisar,
não quero que todos os decks estejam alagados.
Cinco minutos depois, Diaz detona
cargas leves que estilhaçam todas as janelas frontais. A agua invade com
violência o recinto. Todos tentam se agarrar em algo para não ser arrastado
pela força das aguas. Diaz, sugado pela entrada repentina de agua, faz uma
entrada rápida no deck, e rapidamente agarra Butch, subindo imediatamente para
o anfíbio. Após poucos minutos, todos estão dentro do anfíbio, deixando para
trás o modulo de colonização Kappa, que agora serve de tumulo para dez
exploradores.
- Conseguimos! Missão completa! -Diaz
fala em voz alta no anfíbio.
- Não vejo a hora de sair esticar
a perna de verdade, já faz vinte anos que não saio de dentro de naves ou
módulos.
- Ou anfíbios... Completa Nadja.
- Senhor, falta muito para
chegar. – Um dos homens pergunta para Diaz.
- Uns quinze minutos. Temos que
entregar nosso companheiro para os cuidados médicos o mais rápido possível.
Acontecem poucos diálogos durante
os minutos que se seguem até a chegada na Gamma. Eles estão a menos de vinte
metros do modulo quando algo acontece.
- Leituras indicam algo grande em
nossa direção sargento. – Nadja fala apontando para a tela.
- PREPAREM-SE PARA O IMPACTO.-
Grita Diaz.
Mas não há nenhum impacto. Apenas
barulho de baterias estripadoras sendo disparadas.
Por sorte, eles já estavam no
raio de alcance das armas da Gamma. Quando as IA’s de combate perceberam um
nativo correndo para atingir o veículo, abriram fogo.
Os canhões estripadores eram Gatling
Guns melhoradas, com poder de destruição muito maior. Em um minuto, cerca de
dois mil projeteis de calibre .50 eram disparados, esses projeteis eram
desenvolvidos de forma que quando atingissem o alvo, estourassem e se
dividissem para causar o maior dano possível.
O pobre animal não teve a menor
chance.
- Algum soldado aqui se sente bem
para sair do anfíbio por uns minutos?
- Sargento, eu posso ir.
- Eu também. – Uma segunda voz
fala.
- Muito bem. Dietrich, Fischer,
Talos, Nihal, vão até o animal abatido e tragam alguns quilos de amostra. Vamos
mandar para analises. Se tudo der certo, teremos o primeiro churrasco a noite.
- Senhor?- Dietrich levanta a
mão.
-Fale Dietrich.
- Essa missão pode se chamar
Missão churrasco?
Todos no anfíbio dão risadas.
- Claro, e você é o chefe de
missão cabo. Chefe da missão churrasco.
Dietrich sorri. Todos descem do anfíbio
para ver o animal, que não estava longe.
O nativo era um quadrupede de uns
dois metros de altura e uns quinhentos quilos. Suas patas eram reforçadas com músculos,
sua pele tinham um tom escuro, assim como quase tudo nessa exolua. A velocidade
que atingiu durante a corrida foi boa para o seu tamanho, o que torna ele uma
forma de vida perigosa para os colonizadores.
- Corta ali nas costas Fischer. Ali
perto das costelas.
Fischer corta uns dois quilos de
carne com a sua cimitarra de energia.
- Acho que acabamos por aqui,
vamos voltar pessoal.
- Vejo que a missão churrasco concluída
com sucesso, Dietrich. – Fischer fala sorrindo.
A caminhada até o anfíbio toma
pouco tempo, e logo estão todos dentro do modulo Gamma.